quinta-feira, 2 de maio de 2013

1º de Maio


Comemorações e shows pelo Brasil afora. Protestos e confrontos pela Europa afora. O dia do trabalho tradicionalmente é comemorado no Brasil. Em geral as comemorações são promovidas pelas centrais sindicais. Este ano, curiosamente, com participações de personalidades como Aécio Neves e Eduardo Campos. Os novos defensores da classe trabalhadora no país.  Por outro lado, na Europa, o desemprego na beira dos 25%, causou muitos confrontos e paralisações gerais dos trabalhadores. Tradicionalmente no primeiro de maio na Europa ocorrem manifestações e paralisações. Este ano essa situação incendiou ainda mais esses conflitos. 
No Brasil os índices de desemprego não chegam a 10% na maioria das cidades. É estranho que apesar do baixo número de desempregados, a condição geral do trabalhador brasileiro em se tratando de saúde, educação e acesso a cultura é muito pior que a do trabalhador na Europa em geral. Nada a se comemorar. Mas a oportunidade de subir em palanque em dia de comemoração do trabalhador é imperdível. Só e somente aqui no Brasil o trabalhador dá essa oportunidade aos políticos em geral. Mesmo com cargas de trabalho enormes, salários baixos, pouco acesso à saúde , educação e cultura, comemora-se. E, no embalo, elegem-se os novos políticos com as velhas promessas vazias.
Realmente não se pode chamar de aproveitadores esses políticos. Afinal é seu modo de vida. Ganham seu pão assim. É nesse discurso que endossa-se a posição passiva do trabalhador e do cidadão brasileiro. A situação não está boa, fazem a festa, servem de palanque político e depois caem na choradeira de que "os políticos blá,blá,blá". 
Assim fica difícil de obter alguma evolução na relação trabalhista. Isso vale para os dois lados. O empregador contenta-se em ter essa massa de trabalhadores pouco qualificada à disposição. Os impostos para se empregar alguém são tão altos que tem que se pagar pouco e se explorar muito. Paga-se imposto por estar empregando alguém. Ou seja o Estado praticamente penaliza o empregador. A incapacidade estatal para prover as mínimas condições para gerar emprego é impressionante. Primeiro a burocracia e o preço para se abrir um negócio, depois os impostos e mais impostos. E ainda a Justiça do Trabalho, que pressupõe que o trabalhador é sempre vítima na relação trabalhista e geralmente torna-se mais um ônus para o empregador .
Por outro lado, o empregado que geralmente ganha pouco e trabalha muito, não encontra tempo para se qualificar. Nem tempo nem disposição. Não é que o trabalhador "trabalha" muito. Pode ser o caso. Mas geralmente não é. O que importa é o tempo que ele fica à disposição do empregador. E esse tempo não é produtivo pois ele está mais preocupado em "cumprir" as horas estabelecidas em lei. 
Pronto, as duas partes atadas à uma lei ultrapassada, burocrática, improdutiva. O empregador com todo seu ônus não quer abrir mão de seus direitos. E o empregado, desinteressado, explorado, cansado, improdutivo quer seu salario no final do mês e só. Vai ficar eternamente apoiado por seguros desemprego, fundos de garantia, décimo terceiro, férias, etc. A justiça do Trabalho irá garantir isso a ele. Para ele está de bom tamanho diante de tanta miséria assolando seu concidadão. 
Pois é, Europa, Brasil. O que importa é o parâmetro de comparação do outro cidadão. Lá na Europa, os miseráveis são muito menos. Os trabalhadores, em sua maioria, tem curso superior ou técnico, acesso a cultura, moradia, saúde, fora as pensões que o Estado quebrado ainda concede. Qualquer perigo de mudança dessas condições, mesmo que não consumadas, geram greves gerais, protesto, quebra-pau. São anos de conquistas políticas que estão em jogo. Podem querer mudar. Até conseguir. Mas não será fácil.
Já aqui no Brasil, gente jogada nas calçadas, educação sucateada, aglomerados sem saneamento, instalações elétricas, hidráulicas, tudo isso impulsionando a criminalidade, cada vez mais violenta. 
Um emprego, mesmo que miserável, é uma conquista, não?
Melhor Comemorar. Sem dúvidas.

Leonardo S. Faria                                         
       
 Brasil 
 

   Europa

Um comentário:

www.chicomaia.com.br disse...

Isso aí Leo,
falou e disse.
Abraço.